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Gosto de falar da minha pesquisa a partir de maio de 2020 quando numa madrugada( período preferido para pintar) pintei duas telas que muda o meu modo de fazer pintura, daí nasce a identidade estética do meu trabalho que chamo de Conceito Abstrato Figurativo. 

 

O núcleo desse conceito é a Janela que forma a iconografia carregada com o seu simbolismo. Na composição pictórica, ao centro está a janela em seu interior insiro a figura feminina, eventualmente de outro sexo também. 

Numa tentativa de destacar  os seus papéis com o olhar identificatório às mulheres no início do século XX desde a sua cultura estética até a luta de classes pelo direito à cidadania com o fio condutor sendo o trabalho. Ainda na composição no entorno da janela constrói  a estética abstrata ou mesmo a dissolução das figuras  reforçando naturalmente a expressão do inconsciente. 

 

Costumo  dizer que a partir da janela mostro o universo feminino o qual forma a engrenagem ou intersecção das questões de gênero, etnia, tempo e espaço. 

 

Neste sentido desenvolvo a série “Mulher e trabalho” tema corriqueiro em minha rotina de pintora, arte educadora do Ensino Básico na Escola Pública, dona de casa com marido e “mãe” de duas felinas. 

Portanto, tenho intimidade com as dimensões que compreende as relações da mulher e do trabalho. Além de ser curiosa com  perguntas a respeito da história universal e da arte, as quais me levaram a ler e representar na pintura as condições das mulheres negras escravizadas com desdobramento  à mulher negra a partir do racismo estrutural do início do século passado. 

Neste caminho me deparei ouvindo ou mesmo olhando histórias do meu afeto e outras histórias sobre o trabalho informal no Brasil, as lavadeiras, as cozinheiras, as boias-frias, as costureiras , entre outros ofícios.